'A esperança de Zico por Neymar' acabou. Mas só se o Neymar jogar

'A esperança de Zico por Neymar' acabou. Mas só se o Neymar jogar

A seleção brasileira não depende mais apenas do brilhantismo de sua grande estrela para se sair bem na Copa do Mundo da FIFA. Mas, ao mesmo tempo, a 'Neymardependência' pode fazer sentido se o meia-atacante não estiver em campo. Parece confuso? Mas deixamos você explicar para o lendário Zico. “Não havia mais esse vício dele no jogo. Mas é importante frisar isso: enquanto estiver em campo. É diferente quando ele está fora”, disse ao FIFA+, diretamente de Doha. “Quando ele está por perto, a atenção está voltada para ele, e aí os outros têm mais espaço, mais possibilidades de resolução. Se não houver, todos terão que decidir. Gente que é igual, mas não é”. 

 

Na avaliação desse ícone da seleção, o time de Tite tem potencial para vencer o Catar mesmo que Neymar não esteja em campo ou em sua melhor forma. A boa notícia é que o meia-atacante se recuperou bem de uma forte entorse no tornozelo, sofrida na estreia contra a Sérvia, e entra em campo nesta segunda-feira, contra a Coreia do Sul, pelas oitavas de final do Catar 2022.

 

“O time tem condições sim, mas seria bom que eles jogassem. Tinha sido a cereja no topo do bolo. Eu estava muito bem fisicamente, como nunca tinha acontecido comigo na Copa do Mundo”, diz. “Você vê que o Cristiano Ronaldo e o Messi, que são jogadores como o Neymar, quando estão em campo, jogando mal ou jogando bem, podem ao mesmo tempo fazer uma jogada e decidir, mas também podem ser a preocupação do adversário e abrir abrir espaço para os outros. Essa é a sua grande importância na seleção”. 

 

experiência própria 

Em sua última Copa do Mundo da FIFA, no México 1986, o ídolo do Flamengo viveu uma situação um tanto parecida com a de Neymar. Ele tinha 33 anos (três anos mais), lutava contra uma lesão (joelho) e seu treinamento era assunto de debate nacional. Certo, ambos tinham o número 10 nas costas. Mas as semelhanças param por aí. “O que sofri em 1986 é porque já tinha a lesão. Tive que operar o joelho. É diferente. Eu não deveria ter ido. Desrespeitei meu coração e me machuquei”, diz o jogador. No torneio de despedida da Seleção, Zico se salvou dos dois primeiros jogos. Posteriormente, saiu do banco nas vitórias sobre Irlanda do Norte e Polônia e na eliminação contra a França, uma das partidas mais dramáticas da história do futebol brasileiro. Agora, Zico só espera que Neymar possa jogar o melhor futebol possível para alguém que se machucou recentemente.

 

“O problema do tornozelo é que você tem confiança para entrar em campo, mesmo com um pouco de dor. Várias vezes estive com ele vendado, seguro. Você pode correr, mas não se preocupe muito", diz ele. “Às vezes você sentirá dor até dois meses depois. O importante é você ter o movimento natural, poder fazer esse movimento em pé, até o limite da dor”. 

 

Diante dessas limitações, o conselho de Zico seria que Neymar distribuísse a bola rapidamente para evitar o contato com os adversários, pelo menos até a área próxima à grande penalidade. Ele pode evitar ficar muito tempo com a bola em locais que não são perigosos para o adversário. Se você ficar com a bola no centro, os meninos vêm [batendo]. Mas se você ficar dentro e perto da área, perto da porta, as pessoas saberão que há perigo."